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terça-feira, 27 de setembro de 2011

1:4 Sêfer Ietsirá


Dez sefirot do nada

Dez e não Nove

Dez e não Onze
Entende com Sabedoria
Sê Sábio com Entendimento.
Examina com elas e sonda com elas.
Faz com que (cada) coisa se erga sobre sua essência
E faz o Criador sentar em Sua base.
Esta seção fala inicialmente das três primeiras Sefirot: Kéter (Coroa). Chochmá (Sabedoria) e Biná (Entendimento). Posteriormente (4:5), encontraremos uma discussão similar em relação às Sete Sefirot inferiores.




Criação




Dez e Não Nove

         A faculdade suprema do homem é a vontade. Corresponde à primeira Sefirot, Kéter (Coroa).
         Se alguém tentasse descrever Deus, seria tentado a dizer que Ele é Vontade pura. Isto seria muito parecido a dizer que Deus é “Espírito”, ou que Ele é “Amor”, visto que todas estas descrições tentam descrever a Deus em palavras de qualidades humanas. Entretanto, se tivéssemos que usar uma qualidade humana, esta seria, sem dúvida, a vontade, pois é a mais alta das faculdades humanas.
         Mas se disséssemos que Deus é Vontade pura, estaríamos dizendo que ele é idêntico a Kéter. Entretanto, Kéter é meramente uma Sefirá, e como tal, algo criado por Deus e inferior a Ele. Por conseguinte, não podemos sequer dizer que Deus é Vontade pura. Inclusive a Vontade conta-se entre suas criaturas e é inferior a Ele. Portanto, não existe palavra alguma que possa ser usada para descrever a essência de Deus.
         O autor conseqüentemente, afirma que as Sefirot são “dez e não nove”. Porque se disséssemos que Deus é Vontade, Kéter seria idêntico a Deus, e só ficariam nove Sefirot. Mas como existem dez Sefirot, inclusive a Vontade não é mais que uma Sefirá, e ela é algo inferior ao Criador.
         O Sêfer Ietsirá também adverte: “dez e não onze”. Isto é para ensinar que Deus em si mesmo, o Ser Infinito, não deve ser incluído entre as Sefirot. Se assim fosse, haveria onze e não dês Sefirot.
         Deus pertence a uma categoria totalmente diferente que as Sefirot e não deve ser contado entre elas. Como resultado disso, não podemos sequer descrevê-lo com qualidades puramente abstratas, tais como Vontade, Sabedoria, Amor ou Força. Quando a bíblia faz uso de qualquer uma destas qualidades em relação a Deus, ela esta falando das Sefirot criadas por Deus, e não do próprio Criador.
         Isto é particularmente importante para o místico. Quando uma pessoa chega aos níveis superiores, pode pensar que esta de fato alcançando o próprio Deus. O Sêfer Ietsirá adverte então que, quando alguém sobe a escada das Sefirot, há só dez passos, e não onze. O Criador está sempre além do nosso alcance.
         Por esta razão, Deus é chamado Ên Sof, literalmente “o infinito”. Pode-se ascender mais e mais para o infinito, mas nunca se pode conseguir. A infinitude pode permanecer como uma meta, mas é só uma meta que assinala uma direção e não um fim que possa realmente ser alcançado. O mesmo é verdadeiro em relação ao infinito Ên Sof.

Entende com Sabedoria


Sabedoria

         Como já foi dito antes, o Entendimento (Biná) implica pensamento verbal, enquanto a Sabedoria (Chochmá) é puro pensamento não-verbal. O Entendimento consiste em devaneio normal, no qual uma pessoa reflete as coisas como para entender e organizar os pensamentos. Por outro lado, a Sabedoria é o pensamento puro, e em particular refere-se a um estado de consciência no qual a mente não está engajada em devaneios.
         É muito difícil experimentar o pensamento puro, não-verbal. Logo qua alguém começa a esvaziar sua mente de pensamentos, começa imediatamente a pensar, “agora não estou pensando em nada”. O estado de Sabedoria ou consciência Chochmá é de pensamento puro, não-verbal, o qual é muito difícil de conseguir.
         Em uma intenção de alcançar esse estado de consciência Chochmá, usam-se as diversas técnicas meditativas. Assim, a meditação com mantras pretende limpar a mente de devaneios, enchendo-a com as palavras repetidas do mantra. Do mesmo modo, a contemplação persegue a mesma meta, enchendo a mente com o objeto contemplado.
         A Sabedoria esta associada com o hemisfério direito não-verbal do cérebro e o entendimento com o hemisfério esquerdo verbal. Como explicam os cabalistas, a Sabedoria só se experimenta normalmente quando se acha vestida de entendimento. Alguém pode ser apto para experimentar os trabalhos não-verbais da mente, mas só quando os veste com pensamentos verbais.
         Aqui o Sêfer Ietsirá começa a instrução sobre como captar as Sefirot.
   O primeiro passo é “Entender com Sabedoria e Ser Sábio com Entendimento”. Isto supõe uma deliberada oscilação entre Entendimento e Sabedoria, entre a consciência Biná Verbal e consciência Chochmá não-verbal.
         Tente por um momento deixar de pensar. Você permanece completamente consciente, mas não haverá pensamentos verbais na sua mente. Se for uma pessoa mediana, poderá ser capaz de manter tal estado durante alguns segundos, mas imediatamente sua mente começa a verbalizar a experiência.
         Você poderá dizer a si mesmo:- “Não estou pensando em nada”. Mas logo que você faz isto, e obvio, que você na verdade estará pensando em algo.
         Entretanto, por esses poucos segundos você experimentou a consciência Chochmá não-verbal. Se você trabalhar esse exercício, poderá gradualmente aprender a estender o tempo de permanência nesse estado. É como um pêndulo pesado. Quanto mais você o empurrar para frente e para trás, por mais tempo ele balançará. Igualmente, quanto mais você aprender a oscilar entre a consciência Biná verbal e a consciência Chochmá não-verbal, mas profundo você chegará nesta última, e mais tempo será capaz de manter-se nesse estado.
         A consciência Chochmá é particularmente importante para conseguir alcançar as Sefirot. Como já foi dito antes (1:2), as Sefirot são inefáveis e não podem ser entendidas verbalmente. Como o próprio Sêfer Ietsirá diz, devem ser alcançadas por “caminhos de sabedoria”, ou seja, mediante os caminhos da consciência Chochmá não-verbal.

Examina com Elas


Ciência e Filosofia

         Uma expressão similar será usada depois com respeito às Sefirot inferiores (4:5).
        
         Uma vez que um individuo seja capaz de experimentar as Sefirot, deve fazer uso delas para examiná-las e testá-las. O autor não diz “examine-as”, mas, “examine com elas”. A palavra hebraica usada e Bachan, que significa que alguém está para testar coisas através de suas qualidades intrínsecas, assim como elas são no momento imediato.
Quando uma pessoa tem uma consciência das Sefirot, ela pode então “examinar” alguma coisa na Criação e determinar a Sefirá à qual esta coisa pertence.
Conforme ela se torna proficiente em fazer isto, pode empregar as distintas coisas para reforçar seu vínculo pessoal com suas Sefirot associadas. Na época em que o Sêfer Ietsirá foi escrito pela primeira vez, cada individuo tinha que fazer isto por si mesmo. Hoje em dia, entretanto, há muitas listas que associam diversas coisas e idéias com suas Sefirot correspondente e, como já foi dito, podem empregar-se como “ajudas” para ligar-se a elas.

Prescruta delas

         A palavra hebraica  usada aqui para “prescrutar” é Chacar, qua comumente indica o alcance do conhecimento último de uma coisa.
         O Sêfer Ietsirá afirma que alguém deveria “perscrutar delas”. Com resultado do poder espiritual que se obtém das Sefirot, deve-se investigar as coisas até suas profundidades últimas. Através da experiência adquirida das Sefirot, ganha-se a mais profunda percepção das coisas no mundo.
         Perceba cuidadosamente que o Sêfer Ietsirá não nos diz para contemplar as Sefirot em si. Mas nos instrui para usá-las no desenvolvimento de uma visão interior com a qual perceber o mundo.

Faz que (cada) coisa se erga sobre sua essência

         Desta forma alguém pode aprender a perceber a natureza essencial de cada coisa. O Sêfer Ietsirá diz “faz que cada coisa se erga sobre sua essência” em um paralelo com a seguinte frase: “faz que o Criador se sente em sua base (ocupe o seu lugar)”.
         O Sêfer Ietsirá está também indicando que, quando uma pessoa percebe a verdadeira natureza espiritual de algo, ela também eleva esse algo espiritualmente. “Erguer-se” refere-se a tal elevação. A expressão “faz      que cada coisa se erga” diz, por conseguinte, que quando se “perscruta delas” elevam-se as coisas perscrutadas.

Faz que o Criador se sente em sua Base

         A palavra hebraica que se usa aqui para “base” é Machón, que em vários locais e visto como o lugar no qual Deus “se senta”. Assim, Salomão fala em sua oração:- “os céus, a base (Machón) de seu assento” (1Reis 8:39). Igualmente a escrita diz:- “A retidão e o julgamento são a base (Machón) de teu trono”(SL 89:15). Em outros locais, a Bíblia fala do Templo como sendo a “base” sobre a qual Deus se senta.
         A palavra Machón deriva da raiz COM, que e também a raiz da palavra Hechin significando “preparar”. Daí que Machón se refira não só a uma base física, mas também a uma base preparada especificamente para um propósito especial. Diz a escritura: “Ele fundou a terra sobre Sua base(Machón)” (SL 104:5). Este versículo indica que tudo no mundo físico tem uma base ou contraparte espiritual específica mediante a qual pode ser elevada.
         Em geral, o antropomorfismo “sentar” usado com respeito a Deus tem o sentido de “abaixar-se”. Quando alguém se senta, baixa seu corpo. Similarmente, quando Deus se “senta”, Ele “baixa” a sua essência para envolver-se com sua Criação. Quando a Bíblia fala Trono de Deus está se referindo ao veiculo pelo qual Ele expressa seu envolvimento.
         Há uma regra geral em Cabalá que diz que “todo o despertar de baixo” motiva um “despertar de cima”. Assim, quando alguém eleva mentalmente uma coisa à sua essência espiritual, faz também descer sustento espiritual (Shefa) a esse objeto particular. Este sustento pode então ser canalizado e usado pelo individuo. Sob algumas condições, isto pode ser usado para realmente levar a cabo mudanças físicas no mundo.
         O Talmud também interpreta o termo Machón como indicando um paralelismo entre os domínios físico e espiritual. A “base preparada” (Machón) mediante a qual Deus “senta” e canaliza sua influência espiritual para o mundo é precisamente este Machón – o paralelismo entre o espiritual e o físico. Este é o aspecto mediante o qual “Deus senta”, e por isso a escritura fala como a base (Machón) de Seu assento.
         Neste contexto, o Sêfer Ietsirá chama Deus de Iotser. Nós temos traduzido isso como “O Criador”, mas uma tradução mais precisa seria “o Formador” ou “Aquele que Forma”.
         Há três palavras em hebraico que têm significado parecidas. São Bara, que significa “criar”; Iatsar, que significa “formar”, e Assa, que significa “fazer”. Segundo os cabalistas, Bara indica Criação ex-nihilo, “alguma coisa do nada”. Iatsar denota formação de algo a partir de uma substância que já existe, “algo de algo”. Assa tem a conotação de finalização de uma ação.
         Os cabalistas ensinam que tais estágios são a contraparte dos três universos superiores chamados Beriá (Criação), Ietsirá (Formação) e Assiá (Fabricação). A isto faz alusão o versículo:- “A tudo que é chamado em meu Nome, por Minha Gloria (Atsilut), criei-o (Beriá), formei-o (Ietsirá) e o tenho feito (Assiá) (Isaías 43:7).
         O universo supremo é Atsilut, o domínio das próprias Sefirot. Debaixo está Beriá, o domínio do trono. Visto que Beriá (Criação) é “algo do nada”, Atsilut é freqüentemente chamado “Nada” (Áyin). Daí, as Sefirot que estão em Atsilut serem chamadas de Sefirot do nada.
         Debaixo de Beriá está o universo de Ietsirá (Formação), que é o mundo dos anjos. E, por fim, está o universo de Assiá (Fabricação), que consiste no mundo físico e sua sombra espiritual. Ver tabela abaixo.

Tabela Se7e

         O Sêfer Ietsirá está falando aqui primariamente sobre o estabelecimento de um vínculo entre os dois mundos inferiores, Ietsirá e Assiá. Os métodos do Sêfer Ietsirá envolvem a manipulação das forças do Universo de Ietsirá e esta é a razão do nome do livro. O texto fala de Deus, por conseguinte, como Iotser, o Formador, paea indicar Sua manifestação no mundo de Ietsirá.
         No versículo acima citado: “Ele fundou (Iassad) a terra sobre sua base (Machón)”, vê-se que Machón se refere a um nível espiritual que está próximo ao mundo físico, ou seja, o nível inferior de Ietsirá. Machón está no nível correspondente a Iessód (Fundação), que tem a conotação de conectar e ligar. Isto liga Ietsirá a Assiá. Através da elevação dos objetos do mundo físico pode-se então recorrer às forças de Ietsirá, o mundo dos anjos.
         Por isso o Sêfer Ietsirá emprega a palavra Machón (Base) em vez de Trono (Kissê). O termo “Trono” refere-se ao universo de Beriá, o chamado “mundo do Trono”. Machón, por outro lado, está no nível de Ietsirá. 


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                                  MEDITAÇÃO CALISTICA 2 PORTA BINAH




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