Dez
sefirot do nada
Dez
e não Nove
Dez
e não Onze
Entende
com Sabedoria
Sê
Sábio com Entendimento.
Examina
com elas e sonda com elas.
Faz
com que (cada) coisa se erga sobre sua essência
E
faz o Criador sentar em Sua base.
Esta
seção fala inicialmente das três primeiras Sefirot: Kéter (Coroa). Chochmá
(Sabedoria) e Biná (Entendimento). Posteriormente (4:5), encontraremos uma
discussão similar em relação às Sete Sefirot inferiores.
A
faculdade suprema do homem é a vontade. Corresponde à primeira Sefirot, Kéter
(Coroa).
Se
alguém tentasse descrever Deus, seria tentado a dizer que Ele é Vontade pura.
Isto seria muito parecido a dizer que Deus é “Espírito”, ou que Ele é “Amor”,
visto que todas estas descrições tentam descrever a Deus em palavras de
qualidades humanas. Entretanto, se tivéssemos que usar uma qualidade humana,
esta seria, sem dúvida, a vontade, pois é a mais alta das faculdades humanas.
Mas
se disséssemos que Deus é Vontade pura, estaríamos dizendo que ele é idêntico a
Kéter. Entretanto, Kéter é meramente uma Sefirá, e como tal, algo criado por
Deus e inferior a Ele. Por conseguinte, não podemos sequer dizer que Deus é
Vontade pura. Inclusive a Vontade conta-se entre suas criaturas e é inferior a
Ele. Portanto, não existe palavra alguma que possa ser usada para descrever a
essência de Deus.
O
autor conseqüentemente, afirma que as Sefirot são “dez e não nove”. Porque se
disséssemos que Deus é Vontade, Kéter seria idêntico a Deus, e só ficariam nove
Sefirot. Mas como existem dez Sefirot, inclusive a Vontade não é mais que uma
Sefirá, e ela é algo inferior ao Criador.
O
Sêfer Ietsirá também adverte: “dez e não onze”. Isto é para ensinar que Deus em
si mesmo, o Ser Infinito, não deve ser incluído entre as Sefirot. Se assim
fosse, haveria onze e não dês Sefirot.
Deus
pertence a uma categoria totalmente diferente que as Sefirot e não deve ser
contado entre elas. Como resultado disso, não podemos sequer descrevê-lo com qualidades
puramente abstratas, tais como Vontade, Sabedoria, Amor ou Força. Quando a
bíblia faz uso de qualquer uma destas qualidades em relação a Deus, ela esta
falando das Sefirot criadas por Deus, e não do próprio Criador.
Isto
é particularmente importante para o místico. Quando uma pessoa chega aos níveis
superiores, pode pensar que esta de fato alcançando o próprio Deus. O Sêfer
Ietsirá adverte então que, quando alguém sobe a escada das Sefirot, há só dez
passos, e não onze. O Criador está sempre além do nosso alcance.
Por
esta razão, Deus é chamado Ên Sof, literalmente “o infinito”. Pode-se ascender
mais e mais para o infinito, mas nunca se pode conseguir. A infinitude pode
permanecer como uma meta, mas é só uma meta que assinala uma direção e não um
fim que possa realmente ser alcançado. O mesmo é verdadeiro em relação ao
infinito Ên Sof.
Como
já foi dito antes, o Entendimento (Biná) implica pensamento verbal, enquanto a
Sabedoria (Chochmá) é puro pensamento não-verbal. O Entendimento consiste em
devaneio normal, no qual uma pessoa reflete as coisas como para entender e
organizar os pensamentos. Por outro lado, a Sabedoria é o pensamento puro, e em
particular refere-se a um estado de consciência no qual a mente não está
engajada em devaneios.
É
muito difícil experimentar o pensamento puro, não-verbal. Logo qua alguém
começa a esvaziar sua mente de pensamentos, começa imediatamente a pensar, “agora
não estou pensando em nada”. O estado de Sabedoria ou consciência Chochmá é de
pensamento puro, não-verbal, o qual é muito difícil de conseguir.
Em
uma intenção de alcançar esse estado de consciência Chochmá, usam-se as
diversas técnicas meditativas. Assim, a meditação com mantras pretende limpar a
mente de devaneios, enchendo-a com as palavras repetidas do mantra. Do mesmo
modo, a contemplação persegue a mesma meta, enchendo a mente com o objeto
contemplado.
A Sabedoria esta associada com o hemisfério
direito não-verbal do cérebro e o entendimento com o hemisfério esquerdo
verbal. Como explicam os cabalistas, a Sabedoria só se experimenta normalmente
quando se acha vestida de entendimento. Alguém pode ser apto para
experimentar os trabalhos não-verbais da mente, mas só quando os veste com
pensamentos verbais.
Aqui
o Sêfer Ietsirá começa a instrução sobre como captar as Sefirot.
O
primeiro passo é “Entender com Sabedoria e Ser Sábio com Entendimento”. Isto
supõe uma deliberada oscilação entre Entendimento e Sabedoria, entre a consciência
Biná Verbal e consciência Chochmá não-verbal.
Tente
por um momento deixar de pensar. Você permanece completamente consciente, mas não
haverá pensamentos verbais na sua mente. Se for uma pessoa mediana, poderá ser
capaz de manter tal estado durante alguns segundos, mas imediatamente sua mente
começa a verbalizar a experiência.
Você
poderá dizer a si mesmo:- “Não estou pensando em nada”. Mas logo que você faz
isto, e obvio, que você na verdade estará pensando em algo.
Entretanto,
por esses poucos segundos você experimentou a consciência Chochmá não-verbal.
Se você trabalhar esse exercício, poderá gradualmente aprender a estender o
tempo de permanência nesse estado. É como um pêndulo pesado. Quanto mais você o
empurrar para frente e para trás, por mais tempo ele balançará. Igualmente,
quanto mais você aprender a oscilar entre a consciência Biná verbal e a consciência
Chochmá não-verbal, mas profundo você chegará nesta última, e mais tempo será
capaz de manter-se nesse estado.
A
consciência Chochmá é particularmente importante para conseguir alcançar as
Sefirot. Como já foi dito antes (1:2), as Sefirot são inefáveis e não podem ser
entendidas verbalmente. Como o próprio Sêfer Ietsirá diz, devem ser alcançadas
por “caminhos de sabedoria”, ou seja, mediante os caminhos da consciência
Chochmá não-verbal.
Examina
com Elas
Uma
expressão similar será usada depois com respeito às Sefirot inferiores (4:5).
Uma
vez que um individuo seja capaz de experimentar as Sefirot, deve fazer uso
delas para examiná-las e testá-las. O autor não diz “examine-as”, mas, “examine
com elas”. A palavra hebraica usada e Bachan, que significa que alguém está
para testar coisas através de suas qualidades intrínsecas, assim como elas são
no momento imediato.
Quando uma pessoa tem uma consciência das Sefirot, ela pode então “examinar” alguma coisa na Criação e determinar a Sefirá à qual esta coisa pertence.Conforme ela se torna proficiente em fazer isto, pode empregar as distintas coisas para reforçar seu vínculo pessoal com suas Sefirot associadas. Na época em que o Sêfer Ietsirá foi escrito pela primeira vez, cada individuo tinha que fazer isto por si mesmo. Hoje em dia, entretanto, há muitas listas que associam diversas coisas e idéias com suas Sefirot correspondente e, como já foi dito, podem empregar-se como “ajudas” para ligar-se a elas.
Prescruta
delas
A
palavra hebraica usada aqui para “prescrutar”
é Chacar, qua comumente indica o alcance do conhecimento último de uma coisa.
O
Sêfer Ietsirá afirma que alguém deveria “perscrutar delas”. Com resultado do
poder espiritual que se obtém das Sefirot, deve-se investigar as coisas até
suas profundidades últimas. Através da experiência adquirida das Sefirot,
ganha-se a mais profunda percepção das coisas no mundo.
Perceba
cuidadosamente que o Sêfer Ietsirá não nos diz para contemplar as Sefirot em
si. Mas nos instrui para usá-las no desenvolvimento de uma visão interior com a
qual perceber o mundo.
Faz
que (cada) coisa se erga sobre sua essência
Desta
forma alguém pode aprender a perceber a natureza essencial de cada coisa. O Sêfer
Ietsirá diz “faz que cada coisa se erga sobre sua essência” em um paralelo com
a seguinte frase: “faz que o Criador se sente em sua base (ocupe o seu lugar)”.
O
Sêfer Ietsirá está também indicando que, quando uma pessoa percebe a verdadeira
natureza espiritual de algo, ela também eleva esse algo espiritualmente. “Erguer-se”
refere-se a tal elevação. A expressão “faz que
cada coisa se erga” diz, por conseguinte, que quando se “perscruta delas”
elevam-se as coisas perscrutadas.
Faz
que o Criador se sente em sua Base
A
palavra hebraica que se usa aqui para “base” é Machón, que em vários locais e
visto como o lugar no qual Deus “se senta”. Assim, Salomão fala em sua oração:-
“os céus, a base (Machón) de seu assento” (1Reis 8:39). Igualmente a escrita
diz:- “A retidão e o julgamento são a base (Machón) de teu trono”(SL 89:15). Em
outros locais, a Bíblia fala do Templo como sendo a “base” sobre a qual Deus se
senta.
A
palavra Machón deriva da raiz COM, que e também a raiz da palavra Hechin
significando “preparar”. Daí que Machón se refira não só a uma base física, mas
também a uma base preparada especificamente para um propósito especial. Diz a
escritura: “Ele fundou a terra sobre Sua base(Machón)” (SL 104:5). Este versículo
indica que tudo no mundo físico tem uma base ou contraparte espiritual específica
mediante a qual pode ser elevada.
Em
geral, o antropomorfismo “sentar” usado com respeito a Deus tem o sentido de “abaixar-se”.
Quando alguém se senta, baixa seu corpo. Similarmente, quando Deus se “senta”, Ele
“baixa” a sua essência para envolver-se com sua Criação. Quando a Bíblia fala
Trono de Deus está se referindo ao veiculo pelo qual Ele expressa seu
envolvimento.
Há
uma regra geral em Cabalá que diz que “todo o despertar de baixo” motiva um “despertar
de cima”. Assim, quando alguém eleva mentalmente uma coisa à sua essência espiritual,
faz também descer sustento espiritual (Shefa) a esse objeto particular. Este
sustento pode então ser canalizado e usado pelo individuo. Sob algumas condições,
isto pode ser usado para realmente levar a cabo mudanças físicas no mundo.
O
Talmud também interpreta o termo Machón como indicando um paralelismo entre os
domínios físico e espiritual. A “base preparada” (Machón) mediante a qual Deus “senta”
e canaliza sua influência espiritual para o mundo é precisamente este Machón –
o paralelismo entre o espiritual e o físico. Este é o aspecto mediante o qual “Deus
senta”, e por isso a escritura fala como a base (Machón) de Seu assento.
Neste
contexto, o Sêfer Ietsirá chama Deus de Iotser. Nós temos traduzido isso como “O
Criador”, mas uma tradução mais precisa seria “o Formador” ou “Aquele que Forma”.
Há
três palavras em hebraico que têm significado parecidas. São Bara, que
significa “criar”; Iatsar, que significa “formar”, e Assa, que significa “fazer”.
Segundo os cabalistas, Bara indica Criação ex-nihilo, “alguma coisa do nada”.
Iatsar denota formação de algo a partir de uma substância que já existe, “algo
de algo”. Assa tem a conotação de finalização de uma ação.
Os
cabalistas ensinam que tais estágios são a contraparte dos três universos
superiores chamados Beriá (Criação), Ietsirá (Formação) e Assiá (Fabricação). A
isto faz alusão o versículo:- “A tudo que é chamado em meu Nome, por Minha
Gloria (Atsilut), criei-o (Beriá), formei-o (Ietsirá) e o tenho feito (Assiá)
(Isaías 43:7).
O
universo supremo é Atsilut, o domínio das próprias Sefirot. Debaixo está Beriá,
o domínio do trono. Visto que Beriá (Criação) é “algo do nada”, Atsilut é freqüentemente
chamado “Nada” (Áyin). Daí, as Sefirot que estão em Atsilut serem chamadas de
Sefirot do nada.
Debaixo
de Beriá está o universo de Ietsirá (Formação), que é o mundo dos anjos. E, por
fim, está o universo de Assiá (Fabricação), que consiste no mundo físico e sua
sombra espiritual. Ver tabela abaixo.
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Tabela Se7e |
O
Sêfer Ietsirá está falando aqui primariamente sobre o estabelecimento de um vínculo
entre os dois mundos inferiores, Ietsirá e Assiá. Os métodos do Sêfer Ietsirá envolvem
a manipulação das forças do Universo de Ietsirá e esta é a razão do nome do
livro. O texto fala de Deus, por conseguinte, como Iotser, o Formador, paea
indicar Sua manifestação no mundo de Ietsirá.
No
versículo acima citado: “Ele fundou (Iassad) a terra sobre sua base (Machón)”,
vê-se que Machón se refere a um nível espiritual que está próximo ao mundo físico,
ou seja, o nível inferior de Ietsirá. Machón está no nível correspondente a
Iessód (Fundação), que tem a conotação de conectar e ligar. Isto liga Ietsirá a
Assiá. Através da elevação dos objetos do mundo físico pode-se então recorrer às
forças de Ietsirá, o mundo dos anjos.
Por
isso o Sêfer Ietsirá emprega a palavra Machón (Base) em vez de Trono (Kissê). O
termo “Trono” refere-se ao universo de Beriá, o chamado “mundo do Trono”. Machón,
por outro lado, está no nível de Ietsirá.
MEDITAÇÃO CALISTICA 2 PORTA BINAH
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