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quinta-feira, 12 de abril de 2012

A vestimenta


A aparência das coisas pode tornar-se um problema aos mais  desavisados, preconceituosos ou ignorantes. Uma antiga história conta: um diabo estava sentado à porta da casa de um sábio, e um homem aproximou-se. O diabo tentou iludi-lo com mentiras e fantasias, mas não conseguiu, pois ele já havia passado por tais experiências. 





Jesus e o Universo

Entrando na casa, o homem deparou-se com o sábio, sentado no chão e vestindo boas roupas, e pensou: - "Esse homem é muito simples, pois senta-se no chão.

Não, esse homem é orgulhoso, porque veste ricas roupas". Reparando mais no sábio, continuou: "Sua aparência é nobre mas sua postura me desagrada. Na verdade, esse não é o homem que procuro, ele não pode transmitir-me nada, nada..." O homem se foi.


O sábio virou-se para a porta e gritou: - "Diabo, sua tentativa inicial não era necessária. Esse homem era um daqueles que procuram em vão.


Os sábios Alquimistas gritam, os Cabalistas gritam e os Verdadeiros Iniciados também, toda vez que alguém bate à porta da iniciação e quer entrar "cheio de si"...


Eles vão entrando e vão dizendo:
- "A Alquimia é fazer ouro, é uma super-ciência que veio do céu. A Cabala é isso e aquilo, etc..."


Se o alquimista não tiver barba branca, se o Cabalista não for judeu e o ocultista não tiver cara de bruxo medieval, dirão:
- "Esse não é o homem que procuro".


Se entrarem em alguma Sociedade ou Ordem e ela não possuir vestimentas brilhantes, rituais suntuosos, palavras indecifráveis, dirão:
- "Essa não é a Sociedade que procuro".


Foi assim, que muita gente desistiu e é assim que a Cabala se apresenta aos que a estudam pela primeira vez.


Se a Cabala é a tradição Iniciática Ocidental, a Tradição Oral que desde séculos passa de mestre para discípulo, por que nos é apresentada com uma roupagem hebraica enquadrada dentro de uma filosofia tempo, espaço e cultura?


Por que o hebraico?


Por que o mundo e os símbolos do antigo Israel continuam nela até hoje?


A Cabala faria como a Alquimia, que emprega toda uma simbologia particular para revelar seus ensinamentos, ou seriam seus gráficos e letras análogos às forças viventes do universo?


Imaginemos que diante de nossos olhos surgisse um antigo escrito hebraico. 


É hebraico sem os pontos massoréticos, que tanto facilitam a sua leitura, sem vírgulas ou maiúsculas. Supondo que possamos ler este hebraico, uma interpretação seria uma aventura imprudente, pois, o que nós homens do século XX conhecemos realmente sobre a cultura, dia-a-dia, a vida dos homens que escreveram aquilo?


Um outro problema é que em hebraico existem palavras com dois ou mais sentidos; é o caso de "Ruach", nosso conhecido dos livros de Cabala. "Ruach" pode ser: sopro, vento ou alma.


Tentando decifrar o texto seguinte, no sentido bíblico (da Torá), como ele ficaria?


- "Deus pairou sobre as águas com seu "Ruach", e através dele, infundiu nela seu poder..."


O que fez Deus? Soprou as águas infundindo vida, fez um furacão e as águas se levantaram ou fecundou as águas com seu espírito?


Qual a interpretação desejada e qual a necessária a um estudante de Cabala?


Podemos considerar três interpretações: a Literal, a Simbólica e a Iniciática.
Na Literal, devemos nos preocupar com o que está escrito: "Se Moisés falou que devemos andar dez passos para o Oriente, andaremos dez passos e sempre andaremos dez passos. Não discutiremos, a letra é a Lei e assim está escrito..."


Na Simbólica, devemos nos preocupar com o que está "atrás" do que está escrito: "Moisés disse dez passos, ao Oriente". O que significa andar em direção ao Oriente, etc... O símbolo é o mais importante, ele dura ternamente. Sobrevive dentro de nós, guarda e vela seu significado.


Na Iniciática, preocupamo-nos com o que "não" está escrito: Através da letra, chegamos ao símbolo. Pelo símbolo adquirimos um conhecimento que podemos chamar de indireto e procuramos encontrar o coração de onde tudo emanou. A Fonte em que Moisés bebeu. Nos apropriamos disso de maneira direta e real Isso é chamado de: "Experiência".

Um corpo, o sentido literal. Uma alma, sentido simbólico e um espírito, o sentido iniciático. Nunca se deve tomar ao pé-da-letra um texto exotérico. O véu das aparências revelam que a ilusão é a mãe dos que ousaram sem conhecer.


Para conhecer não é necessário só estudar, é famosa a história de um rabino que teria lido mais de quinhentas obras cabalísticas, uma das quais lhe teria sido entregue por um anjo e outra pelo profeta Elias, mas ao encontrar um homem que era conhecido como mestre, reconheceu que nada sabia. E o mestre, graças à humildade do discípulo, o levou ao que restava para seu aprendizado: a experiência, a vivência do que leu.


Quando as letras se tornam vivas, o Deus dos livros mostra-se face a face.
O Mestre da história é a verdadeira Cabala, a Tradição Oral, muda aos que procuram em vão, como aquele que saiu da casa do sábio, surda para os que falam o que não conhecem e cega para os que enxergam só as aparências.


Texto extraido do site da Sociedade das Ciências Antigas.
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