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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sêfer Ietsirá 1:6


SUA VISÃO 1:6

Dez Sefirot do Nada
Sua visão é como a “aparição do relâmpago”
Seu limite não tem fim.
E Sua palavra nelas está “correndo e retornando”.
Apressam-se (precipitam-se) a Seu dito como um furacão
E diante de Seu trono elas se prostam.


El

A palavra “visão” é aqui Tsefiá, que geralmente denota uma visão mística ou profética. Os Hechalot, um antigo texto místico que pode ser contemporâneo do Sêfer Ietsirá, fala da visão (Tsefiá) da Mercabá. A Mercabá é a carruagem Divina da visão de Ezequiel e a palavra é empregada para denotar a experiência mística em seus mais altos níveis.

O Sefer Ietsirá descreve agora como as Sefirot aparecem na visão mística.  Em seções anteriores, o texto falou dos exercícios usados para visualizar as Sefirot e agora descreve suas aparições.

O Bahir, outro texto muito antigo, explica que apalavra Tsefiá, derivada da raiz Tsafá, indica que alguém está olhando para baixo de uma grande altura. Na seção anterior, o Sêfer Ietsirá falou das Sefirot como dez “profundidades”. Quando se olha uma profundidade, geralmente está se olhando para baixo. Nos Hechalot, freqüentemente se descreve a experiência mística como uma descida, e é chamada “descida para Mercabá”.

Olhar para as Sefirot é chamado uma “descida”. A razão disso deve-se ao fato de que, para consegui-lo, alguém deve primeiro alcançar uma consciência tipo Chochmá, como discutido anteriormente.  No esquema das Sefirot, entretanto, Chochmá é a mais alta, ao menos as que são acessíveis. Para subir a Árvore  dos 32 caminhos da Sabedoria alguém deve começar por ligar-se à Chochmá (Sabedoria). Quando isso é conseguido, olha-se para baixo para as demais Sefirot. Só então se começa a subir pelas Sefirot, iniciando pela mais baixa.

Como a aparição do relâmpago

Raio Júpiter

A expressão está no versículo “e as Chaiot, correndo e retornando, como a aparição do relâmpago (Bazac)” (Ezequiel 1:14).

A palavra Bazac, que só aparece neste lugar na Bíblia, traduz-se geralmente como “relâmpago” ou “centelha”. Segundo outras interpretações, Bazac denota um meteoro lampejante ou uma bolha estourando. De acordo com todas essas opiniões, o que o Sêfer Ietsirá está afirmando é que as Sefirot podem somente ser visualizadas por um instante, e logo desaparecem.

O grande cabalista Rabino Moshe de Leon (1238-1305), conhecido principalmente pela publicação do Zohar, oferece-nos uma analogia interessante. Quando as Sefirot são contempladas em visão mística, sua aparência é como a luz do sol refletida em uma parede de tigela de água. 

Uma vez que a tigela esteja completamente imóvel, a imagem refletida é clara, porém a mais ínfima vibração a faz romper-se e oscilar abruptamente.
Similarmente, em teoria, é possível uma visão clara das Sefirot, mas só se a mente estiver absolutamente tranqüila e calma. O mais tênue pensamento exterior destrói a imagem completamente. Quando a mente se acha em um estado em que pode visualizar as Sefirot, as mais insignificantes distrações a perturbam.

Seu limite não tem fim

Obviamente deriva do versículo: “De cada limite vi o fim, Seu mandamento é muito amplo” (Salmo 119:96).

A palavra hebraica usada aui para “limite” é Tachlit, que também significa “conclusão” e “ultimato”. Ela é derivada da raiz Calá, que significa “completar” ou “terminar”, como em “os céus e a terra se completam(Cala)” (Genesis 2:1). Tachlit também denota propósito, pois quando algo cumpre seu propósito, diz-se estar completo e terminado.

A expressão “seu limite não tem fim(Kets)” pode comparar-se à expressão anterior “sua medida... não tem fim (Sof). Ambas as palavras, Kets e Sof, denotam um final, mas com significado um tanto diferentes.

A palavra Sof deriva da raiz Safa que significa “deixar de existir”. A palavra Kets, por outro lado, vem de Catsats, que significa “cortar”. Daí que o fim indicado por Sof é onde alguma coisa deixa de existir, enquanto que Kets indica o ponto onde a coisa é “cortada”, isto é, sua fronteira ou limite extremo. Como explica uma autoridade, Sof é o fim em relação ao que segue a este, e Kets é o fim com relação ao que precede a este.

Quando o Sêfer Ietsirá falou antes das Sefirot como extensões, o texto dizia que não tem Sof. Isto indica que não há lugar onde elas cessem de existir por mais longe que alguém vá.  É uma infinitude de extensão. Do mesmo modo, quando Deus é chamado Ên Sof, literalmente “Sem Sof”, isto também significa que não há lugar onde Ele cesse de existir.

Aqui, por outro lado, o Sêfer Ietsirá está falando das Sefirot tal como aparecem na visão mística. O texto diz então que seu propósito, compleição e resultado não têm limite (Kets). Embora as Sefirot sejam vistas só como um flash, não há limite para a compreensão que elas podem impregnar no indivíduo.

Sua palavra nelas está “correndo e retornando”

Isto também alude ao versículo: “E as Chaiot correndo e retornando como a aparição do relâmpago” (Ezequiel 1:14). Isto será abordado novamente mais tarde.

A expressão “Sua Palavra” é Devaro. Outros, entretanto, vocalizam Dabru, que significa “eles falam”. A linha completa então se leria:- “Eles falam delas como correndo e retornando”.

Isto nos ensina que não se pode focar nenhuma das Sefirot durante qualquer período de tempo. A mente pode concentrar-se e vê-las como um “relâmpado”, mas só por um instante. Logo terá que retornar. Oscila-se entre “correr” e “retornar”, olhando de relance, por um instante, e logo voltando imediatamente para seu próprio estado mental normal.
Os cabalistas fazem notar que “correr” denota Chochmá, enquanto que “retornar” se refere à Biná.

Como foi discutido antes, só é possível visualizar as Sefirot com consciência Chochmá, mediante a parte não-verbal da mente. Tal consciência Chochmá é muito difícil de manter, pois a mente funciona normalmente em um estado de consciência Biná verbal. Como foi explicado antes, o único modo de conseguir uma consciência Chochmá é oscilar para frente e para trás entre Chochmá e Biná. Só durante o instante de pura consciência Chochmá podem as Sefirot se percebidas.

Geralmente, em hebraico, “correr” é Ruts. Aqui, entretanto, os Midrash, a raiz está relacionada tanto com o Ruts, “correr”, como com o Ratsa que significa “vontade” ou “desejo”. A palavra Rasta implicaria então “correr com a própria vontade”, ou impelir a contade a concentrar-se em algo além de sua compreensão.  Isto indica o esforço mental através do qual as Sefirot são visualizadas.

O Sêfer Ietsirá relaciona o “correr e retornar” com a fala. A fala existe unicamente em relação à consciência Biná, pois ela é a parte verbal da mente. Uma vez que uma pessoa está normalmente em um estado de consciência Biná, ela pode somente visualizar as Sefirot como um flash, “correndo e retornando”.

Elas precipitam-se (apressam-se) a seu dito como um furacão.

O Sêfer Ietsirá diz que a “palavra de Deus nelas corre e retorna”. A palavra de Deus pode visualizar-se através das Sefirot, mas “corre e retorna”.

“A palavra” (Davar) refere-se ao conceito geral, enquanto que um “dito” (Maamar) denota um enunciado particular. Só com respeito à “palavra” genérica é que as Sefirot oscilam, “correndo e retornando”. Quando há um Maamar, um dito ou decreto específico, já não oscilam, mas sim precipitam-se “como um furacão”.

Isto nos ensina que quando existe um decreto de Deus, o místico pode ir muito além dos limites normais para persegui-lo. O fato dele estar indo atrás de um “dito” Divino lhe permite ter acesso a estados de consciência muito mais elevados que os que normalmente pode alcançar.

E é por esta razão que muitos místicos se empenhavam em meditações relacionadas com a observância de diversos mandamentos. Faziam uso do decreto “dito” de Deus e, desta forma, eram capazes de alcançar níveis muito mais altos do normal. O “dito” Divino associado ao mandamento serviria também para atrair as Sefirot e fazê-la mais acessíveis.

Há dois tipos de vento de tempestade: Seará e Sufá. Seará é um vento que meramente agita (Saar), enquanto Sufá é um furacão que varre tudo o que há em seu caminho.

No princípio de sua experiência mística, Ezequiel diz que viu um “vento de tempestade (Seará) vindo do norte”(Ezequiel 1:4). Segundo alguns comentários, isto se refere à agitação da mente quando se entra no domínio transcendental.

O veículo mediante o qual alguém se eleva se entra no domínio místico chama-se Mercabá (carruagem), e a arte de envolver-se nesta prática recebe o nome de “trabalho da carruagem”(Maassê Mercabá). É pois altamente significativo que a Escritura diga: “Sua carruagem (Mercabá) é como um furacão (Sufá)(Isaias 66:15). Isto indica que o vento Sufá age como uma carruagem, transformando-o a um domínio místico. Esta é uma força que conduz alguém para além dos limites (Sof) normais, para dentro do transcendente.

Saadia Gaon interpreta que Sufá denota as colunas de pó que se vêem nos pequenos redemoinhos, onde o pó assume muitas formas e figuras. Estas formas constantemente mudam, e uma forma distinta permanece somente por um momento. De forma similar, quando alguém visualiza as Sefirot, pode vê-las de muitas formas, mas, como as colunas de pó, duram só um instante e logo se dissolvem.

Diante de Seu Trono elas se prostram




Trono de Deus

Como foi comentado anteriormente, quando se fala de Deus como “sentando”, significa que Ele está baixando Sua essência para relacionar-se (por estar envolvido/interessado por) com sua Criação. Seu Trono é o objeto sobre o qual Ele se senta e, portanto, denota o veículo de tal descida e relacionamento (interesse/envolvimento).

Enquanto “sentar-se” é uma descida que se faz por iniciativa própria, prostrar-se e inclinar-se é uma descida que se faz por causa de um poder superior. Os instrumentos de relacionamento de Deus são as Sefirot, pois é através delas que Ele dirige o Universo. Como resultado do conceito do Trono de Deus, as Sefirot devem também fazer baixar sua essência e interagir com o mundo inferior. O Sêfer Ietsirá diz, portanto: “diante de Seu trono elas se prostam”.

O Universo das Sefirot é chamado Atsilut. Abaixo deste está Beriá, o mundo do Trono. Como Ezequiel o descreve:- “Por cima do firmamento que estava sobre suas cabeças havia à semelhança de um Trono... e sobre a semelhança do Trono se acha no universo de Beriá, e o “Homem” no Trono representa a disposição antropomórfica das Sefirot em Atsilut.

O Universo mais alto que pode realmente ser visualizado é Ietsirá, o mundo dos Anjos. Nele, alguém pode visualizar um reflexo do Trono, e foi ai que Ezequiel disse ter visto “a semelhança de um Trono”.

Alguém também pode ver o “reflexo do reflexo” das Sefirot, e ele então viu “a semelhança da aparência de um Homem”.

Quando o Sêfer Ietsirá diz que as Sefirot “prostram-se”, esatão indicando que são refletidas nos universos inferiores. Posto que se prostram diante do Trono de Deus que está em Beriá, elas são então visíveis em Ietsirá. E é no universo de Ietsirá que o reflexo das Sefirot é visualizado.

Que a Eterna Luz da Sabedoria Cósmica nos Ilumine Sempre!
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