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Lotus Branca |
Dotadas de singular eloqüência e elevado
misticismo, tais Cartas são adotadas por diversas Escolas Rosacruzes.
Remontam ao século XVIII, e foram publicadas nos
Vols. 8 e 9 do periódico
"The Theosophist", editado pela Sociedade
Teosófica, assinadas por F.H. e H., no caso da sétima e última carta. É
referido que a sexta carta teria sido remetida a Eckartshausen, martinista e
autor do célebre livro "A Núvem Sobre o Santuário".
Segundo
A.E.Waite, foram reimpressas num periódico americano, com as iniciais F.H. e H.
suprimidas, sendo toda a série atribuída a Eckartshausen, que teria escrito-as
entre 1792 e 1801. Proclama-se que elas teriam sido traduzidas do Espanhol.
Segundo A.E. Waite, "as iniciais sugerem obvilmente a mão do Dr. Franz
Hartmann".
Tais Cartas se popularizaram através da revista
"Rays from Rose Cross", editada pela "The Rosicrucian
Fellowship", posteriormente foi publicada como apendice do livro "A
Maçonaria e o Catolicismo", de Max Heindel, editado em vários idiomas.
A presente tradução é atribuida a Francisco
Phellip Preuss, e consta na primeira edição de "Maçonaria e
Catolicismo", publicada no Brasil pela Fraternidade Rosacruz Max Heindel,
em 1959. Foi revisada pela Irmã
Probacionista Ruth Coelho Monteiro, da Fraternidade Rosacruz Max
Heindel, em São Paulo.
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Cartas Rosacruzes |
SABEDORIA DIVINA
Não tentes estudar a mais elevada de todas as
ciências se, de antemão, não resolvestes entrar na via da virtude; os incapazes
de sentir a verdade não compreenderão minhas palavras. Só os que entram no
reino de Deus podem compreender os mistérios divinos e aprender a verdade e
sabedoria, na medida da sua capacidade para receber a luz divina da verdade.
Aqueles que se guiam unicamente pela luz da inteligência não compreendem os
mistérios divinos da natureza; as suas almas não podem ouvir as palavras que a
luz pronuncia. Mas aquele que abandona o próprio eu pessoal pode conhecer a
verdade. A verdade só pode ser conhecida na região do bem absoluto. Tudo que
existe é produto da atividade do espírito. É a mais elevada de todas as ciências
a que permite ao homem aprender a conhecer o laço de união entre a inteligência
espiritual e as formas corpóreas. Entre o espírito e a matéria não existem
linhas de separação porque entre os extremos, se encontram todas as gradações
possíveis.
Deus é fogo que irradia puríssima luz. Esta luz
é vida. As gradações entre a Luz e as Trevas estão para além da compreensão
humana. Quanto mais nos aproximamos do centro da Luz tanto maior é a energia
que recebemos e tanto mais poder e atividade resultam. É destino do homem
elevar-se até ao centro espiritual da Luz. O homem primordial era um filho da
Luz. Permanecia em estado de perfeição espiritual bem mais elevada do que no
presente; dela desceu a um estado mais material, tomando uma forma corpórea e
rude. Para volver à sua primeira condição tem de percorrer o caminho por onde
desceu.
Cada um dos seres animados deste mundo obtém sua
vida e sua atividade do poder do espírito. Os elementos grosseiros estão
regidos pelos mais sutis e estes por outros de maior sutileza, até chegarmos no
poder puramente espiritual e divino. Deste modo, Deus influi em tudo e tudo
governa. O homem possui um germe do poder divino que pode desenvolver-se e
transformar-se em árvore de frutos maravilhosos. A expansão deste germe só pode
fazer-se pelo calor que irradia do centro flamígero do grande sol espiritual.
Quanto mais nos aproximamos desta luz, mais recebemos o seu calor. Do centro,
ou causa suprema original, irradiam continuamente poderes ativos que se
infundem nas formas oriundas da sua atividade eterna. Destas formas revertem
novamente a causa primeira, dando lugar a uma cadeia ininterrupta de atividade,
luz e vida. O homem, ao abandonar a radiante esfera de luz, incapacitou-se para
contemplar o pensamento, a atividade e a vontade do Infinito em sua unidade.
Daí resulta que, na atualidade, tão só percebe a
imagem de Deus numa multiplicidade de imagens. Contempla Deus sob um número de
aspectos quase infinito, mas Deus permanece sempre Uno. Todas essas imagens
devem recordar-lhe a exaltada situação que outrora manteve e para cuja
reconquista devem tender todos os seus esforços. Se não se esforçar por
elevar-se a maior altura espiritual, irá sumindo-se cada vez mais na
sensualidade e, depois, ser-lhe-á muito mais difícil voltar ao primeiro estado.
Durante a vida terrestre estamos rodeados de
perigos e é bem pequeno o nosso poder de defesa. Os corpos materiais nos
encadeiam ao reino do sensível e mil tentações nos assaltam todos os dias. Sem
a reação do espírito a natureza animal afundaria o homem na sensualidade.
Todavia, este contato com o sensível é necessário: proporciona a força que o
faz progredir. O poder da vontade o eleva; e aquele que identifica a sua
vontade com a vontade de Deus pode, durante a vida na terra, chegar à espiritualidade
que lhe concede a contemplação e compreensão da sua unidade no reino da
inteligência. Tal homem pode realizar o que quiser porque, unido com o Deus
Universal, todos os poderes da natureza são seus poderes e nele se manifestarão
a harmonia e a unidade do Todo. Então, vivendo no eterno, não está sujeito às
condições do espaço e do tempo, participa do poder de Deus sobre todos os
elementos e poderes do mundo visível e invisível e tem a consciência do eterno.
- Dirige todos os teus esforços no cultivo da
tenra planta da virtude que cresce em teu seio. Purifica tua vontade e não
permitas que as ilusões dos sentidos te alucinem. A cada passo que deres na
senda da vida eterna, encontrarás um ar mais puro, uma vida nova, uma luz mais
clara e, em proporção à ascensão para o alto, aumentará o teu horizonte mental.
A inteligência, só por si, não conduz à
sabedoria. O espírito conhece tudo e, no entanto, nenhum homem o conhece. Sem
Deus, a inteligência enlouquece, adora-se a si, repele a influência do Espírito
Santo. Quanto é decepcionante e enganosa a inteligência sem a espiritualidade.
Em pouco tempo perecerá. O espírito é causa de tudo; a luz da mais brilhante
inteligência deixará de brilhar se for abandonada pelos raios de vida do sol
espiritual. Para compreender os segredos da sabedoria não basta teorizar, é
necessário alcançar sabedoria. Só o que se conduz sabiamente realmente é sábio,
ainda que não tenha recebido a menor instrução intelectual.
Para ver necessitamos de olhos e para ouvir, de
ouvidos. Similarmente, para atingir as coisas do espírito, precisamos de
percepção espiritual. É o espírito e não a inteligência que dá vida a todas as
coisas, desde o Anjo Planetário até ao mais pequeno ser do fundo do oceano. A
influência espiritual vem de cima para baixo e nunca de baixo para cima; por
outros termos, irradia do centro para a periferia e nunca em sentido contrário.
Isto explica por que a inteligência, produto ou efeito da luz do espírito que
brilha na matéria, não pode nunca se sobrepor à luz do espírito.
A inteligência humana só pode compreender as
verdades espirituais quando a sua consciência entra no reino da luz espiritual.
É uma verdade que a grande maioria dos intelectuais não quer compreender. Não
podendo elevar-se a um estado superior ao intelectual, consideram tudo que está
fora de seu alcance como fantasia e sonho ilusório.
Sua compreensão é obscura e no coração abrigam
as paixões que os impedem de contemplar a luz da verdade. O que ajuíza a partir
dos sentidos externos não pode compreender as verdades espirituais. Preso ao
ilusório, ao eu pessoal, repete as verdades espirituais que lhe destroem a
personalidade. O instinto e o eu inferior levam-no a considerar-se um ser
distinto do Deus universal. O conhecimento da verdade desfaz essa ilusão, razão
porque o homem sensual odeia a verdade. O homem espiritual é filho da luz. O
homem regenerado retorna ao seu primeiro estado de perfeição e essa
regeneração, que o põe acima dos outros seres do universo, depende do
apagamento das obscuridades que velam sua natureza interna.
O homem, por assim
dizer, é um fogo concentrado no interior de uma casca material e rude. O seu
destino é abrasar neste fogo a natureza animal, os materiais grosseiros, e
unir-se de novo com o flamígero centro, do qual é uma centelha durante a vida
terrestre. Se a consciência e a atividade do homem continuamente se concentram
nas coisas externas, a luz que irradia da centelha, no interior do coração, vai
enfraquecendo a pouco e pouco e acaba por desaparecer. Mas, se o fogo interno é
cultivado e alimentado, destrói os elementos grosseiros, atrai outros mais
etéricos, faz o homem cada vez mais espiritual e concede-lhe poderes divinos.
Não só expande a atividade interna, mas também aumenta a receptividade às
influências puras e divinas. Purifica e nobilita por completo a constituição do
homem e converte-o, finalmente, no verdadeiro senhor da criação.